Na calçada que gosto de andar
Aos olhos dos outros
Não é bonita, alguns podem dizer que até é feia
Mas, não para mim
Os meus olhos não olham a realidade
Meus olhos apenas sentem
O infinito no ponto de fuga
Sentem os ventos de agosto...
Os ventos que escapam das dunas lá de longe
Ventos que surgem suaves e úmidos
E tocam meu rosto e embaraçam meus cabelos
Ventos que não permitem a sujeira se acumularem nas coxias
Ventos que mais forte ficam quando chega agosto
Ventos que me fazem voltar ao tempo de criança
Que chego até a visualizar crianças soltando arraias
(pipas)
E o céu azul-anil chega a ficar colorido de pontinhos
Que se mexem constantemente ao sabor dos ventos
E na calçada, andando lentamente, ainda consigo ver em
minha imaginação
Crianças de pé no chão, rindo e guerrilhando
Com suas arraias puxadas em fios
Que se entrelaçam e depois se soltam
Subindo mais alto, e chegando ao meu coração...
(Texto e Desenho: Sandra Maria de Aguiar Coelho)