Entre minhas lembranças
Registro o soneto de Augusto dos Anjos:
Idealismo
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
O amor na Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro -
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Augusto dos Anjos
Daí, veio os meus pensamentos:
... quando?!?
O amor da humanidade será propagado
Como amor incondicional
Como amor alegria de não ter nome
Como amor tranquilidade e de paz...
... quando?!?
Há de girar o mundo mil vezes mil
Ou muito mais que isto
Até que o amor seja irrestrito
E o amor que as pessoas dão nome
Ao amar uma só pessoa
Seja sem nome, e seja de todos
Que o amor seja amplo e não fique só nesta vida
Mas, em toda a existência do ser...
Há de chegar este dia
Que as lágrimas serão só de alegrias!
(Texto e Pintura: Sandra Maria de Aguiar Coelho. Fonte do Soneto de Augusto dos Anjos: http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=807)